quinta-feira, janeiro 19, 2006

E o Filho da Nação?

Quem é o português?

Podia falar muito sobre este tema, mas como isto é um post num blog, e não uma dissertação, vou resumir ao essencial da minha opinião.
Todos sabemos as características do tuga, gozamos com elas e nunca nos revemos em nenhuma. No entanto continuamos a achar que todos os outros portugueses são tugas... Ou porque têm bigode; Ou são barrigudos; Ou baixos, ou comem de boca aberta; Ou têm a unha do mindinho grande para tirar macacos e bolas de cera dos ouvidos; Ou porque dizem coisas lindas como “fosga-se”, “prontos”, “ouvistes”, “dissestes” ou mesmo “atão”.
Existem muitas outras características dos tugas como o comportamento típico no trânsito, o empenho dos funcionários públicos, o palito nos dentes ou a caneta na orelha, a camisola interior de alças, a peúga branca, e por aí fora… mas deixemos isso para outra altura.
O Português explicado em volta da figura de José Mourinho é mais fácil de descrever:
Vamos ter em conta estas personagens: José Mourinho, Karyaka e Cajó (O típico tuga da zona oriental de Lisboa).
José Mourinho, começa a treinar em Portugal, nessa altura é tido como convencido e paneleiro. Em termos profissionais é dito que não sabe nada de futebol “o tipo era tradutor do Robson”, diz Cajó todo contente enquanto desliga o auto-rádio do seu Ford Cortina cor-de-laranja…
Entretanto Mourinho começa a ganhar tudo em Portugal e na Europa, sendo de imediato contratado pelo Chelsea. As vitórias sucedem-se, o seu contrato é melhorado no início do segundo ano. Mourinho é considerado pela segunda ou terceira vez o melhor treinador do mundo. Cajó nos dias que passam orgulha-se de Mourinho, gaba-se do facto de Mourinho ser português, diz que é o maior, o melhor do mundo. “Vivam os portugueses! Viva Portugal” grita Cajó.
Cajó acha-se igual a Mourinho, afinal ele também é português!
Cajó como belo tuga critica tudo o que vê sem dar o mínimo contributo para melhorar as coisas. Critica os passeios porque estão sempre sujos e com as pedras soltas; critica o governo por tudo e por nada. Critica o patrão por tudo e por nada, critica tudo e todos, diz mal da cidade e do país. Diz que isto é um atraso de vida, um terceiro mundo e que nunca vamos a lado nenhum. Para Cajó não há nada pior que este país.
Eis que Karyaca dá uma entrevista onde diz de Portugal o mesmo que Cajó pensa, mas só pela metade… Cajó reage dizendo: “quem é este filho-da-pu_a que vem para o nosso país dizer mal??? Se não gosta vá embora daqui, Portugal é o melhor país do mundo! Vejam o sol, as sardinhadas, o Figo, os descobrimentos!!!” (Dependendo da questão Cajó muda de opinião sobre Portugal. Adoro em especial quando falam dos descobrimentos como se tivessem acontecido hoje, e como se fossemos donos do mundo).
Em resumo, o que queria salientar é que os portugueses não fazem nada para inovar, criar, desenvolver.
Os portugueses imitam, seguem os outros, criticam tudo. Os portugueses desconfiam de tudo o que é nacional e aderem logo à primeira trampa estrangeira que lhe aparece.
De Portugal os portugueses só gostam de bacalhau (embora não comam), fado (embora não escutem) e Benfica (embora não ganhe nada desde os anos 60).
Os portugueses são saloios, incultos, falam mal, não sabem fazer contas e fogem à matemática. Os portugueses não sabem nem querem trabalhar, embora queiram ganhar dinheiro.
Os portugueses preferem gastar as economias no Euromilhões do que investir criando riqueza para eles e para o país.
Os portugueses não investem em negócios próprios, querem é ser funcionários públicos e ter um salário e um emprego (nunca ninguém diz que quer um trabalho).
Os portugueses só sabem apontar o dedo para os outros sem se aperceberem que são iguais.
Os portugueses criticam mas não dão soluções. Os portugueses são demagogos por natureza.
Os portugueses queixam-se de tudo e culpam os demais. Basta ouvir o “fórum TSF”, o “Prós e Contras” e programas do tipo, ou mesmo entrevistas, debates, tempo de antena, e noticias. Há sempre alguém a queixar de alguma coisa e a culpar alguém.
Saudade é a palavra portuguesa por excelência, mais nenhum idioma tem uma palavra como esta, mas culpa é certamente a palavra mais dita!!!
Mesmo saudade tem muito que se lhe diga, o saudosismo é algo bem tuga e que me escuso descrever…
Os portugueses, só sabem seguir os seus ídolos e fingir que têm o sucesso deles.
Numa palavra: SALOIOS!!!
Eu sou português, logo tenho de me chamar saloio também.
Gosto de fado, de José Cid, de bacalhau, do Mourinho, de futebol!!! Sim sou saloio, sou português!!!
Mesmo português e saloio, faz-me muita confusão fugirem aos impostos (Quanto mais pagar melhor sinal é para mim, e melhor é para o país!); Faz confusões não criarem riqueza; Não estudarem; Não investirem; Não investigarem; Não terem cultura; Não inovarem; Não quererem saber de nada; Não prestarem atenção a nada; passarem a semana toda a pensarem no fim-de-semana, etc…
O Pior de tudo, não saberem sequer falar português!!!

1 comentário:

Unknown disse...

Caro Genérico,

Concordo com muitas coisas mas, discordo de tantas outras.

Ser português é tudo isto e muito mais. Por isso somos uma Nação (ou Pátria, termo que, felizmente, voltou a estar na moda) fantástica. Nem tudo é bom, nem tudo é mau!

O problema é que, na minha humilde opinião, criaram-se durante o Salazarismo muitos mitos, entre os quais, o de que éramos os maiores do mundo (e quiçá da Europa, acrescentaria). E os nossos pais e avós tiveram que levar com isso e influenciaram a nossa maneira de ver Portugal.

Só com o início da Democracia e ficando a conhecer as dificuldades e atraso do "país real" é que se começou a ter noção do que Portugal era realmente.

"Cajós" há em todo o lado, na Suécia, nas Filipinas, em Marrocos ou no Perú. Temos é que dar às futuras gerações a noção real do que somos, para que decidam para onde querem ir.

E não caírem, uma vez, em mitos...

Como o do "Cajó"...