De entre os milhões de gajos que habitam este nosso país e que têm a vantagem (sobre o comum cidadão) de terem sempre razão, há alguns gajos em particular que me chateiam.
Falo, em concreto, daquele tipo quarentão, bronco, que só sabe assinar de cruz e é todo armadão em bom porque conduz um Mercedes foleiro e ao fim de semana as gajas lá da terra querem ir experimentar o assento de "napa" a escaldar. Espero que tenham visualizado o fulano.
Estou eu a sair do meu local de trabalho, onde tenho direito a parque de estacionamento reservado (não, não tem uma plaquinha a dizer Rui d'Avintes mas se tivesse não me importava) e ao dirigir-me ao local onde estacionei, vejo o dito Mercedes, banheirão com estofos em "napa", todo porco e com ar de que saiu directamente do "Stander Sucata", a impedir-me a saída.
Vejo dois cidadãos à conversa ao lado da viatura e pergunto:
- Este carro é dos Senhores?
E responde o cidadão em causa:
- É meu.
Ao que aproveito para dizer, enquanto me dirigia para o meu "Avintes do asfalto":
- Então tem que tirar o carro porque eu preciso de sair.
E pronto. Foi assim. É certo que não usei expressões como "viatura", nem "V. Exa. desculpe lá qualquer coisinha", ou "Não se importava, se não desse muito incómodo". Mas não era o indivíduo que estava estacionado no meio da estrada, sem os quatro piscas ligados e a impedir a saída de um automóvel de um parque de estacionamento?
Pois é. O gajo responde, enfadado e com ar de cidadão vitimizado, porque ele é que tem sempre razão:
- Ao menos podia ser mais bem educado...
Ora toma, para não andar para aí armado em parvo e a pensar que posso sair do meu local de trabalho e ir para casa sempre que quero.